terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Opiniões distintas; uma visão pessimista (e conformista)

Continuando nossas buscas pela perspectiva da população sobre a anulação dos votos, conversamos com um senhor (aliás, bastante simpático e extrovertido) mas com um ponto de vista digamos, um tanto quanto pessimista.

Após a conversa refletimos.... será essa uma exceção entre as demais sobre o motivo da anulação do voto? Mas se essa é uma das únicas, porque o povo brasileiro continua estático, dentro de suas casas frente as suas TV´s?

Para que reflitam conosco, vamos aos principais comentários desse homem, cuja opinião se diverge das que tivemos até o momento.

"Muitas vezes, como ontem e hoje, os jovens querem procurar pelo em ovo. Não tem nenhum movimento se articulando ou algo de novo acontecendo (...) eu anulei meu voto porque cansei de tanta roubalheira. Estou aguardando um candidato que mostre confiança e uma boa índole (?? também ficamos confusos com essa afirmação??).  Não precisa mudar nada de forma extrema, a vida hoje está muito melhor do que anos atrás, principalmente no período em que presenciamos a ditadura (...) falta alguém de punho firme e vergonha na cara pra governar nossa nação."

Tentamos dialogar sobre a impossibilidade de um único homem, por mais que suas intenções e convicções sejam em pró do coletivo, de mudar toda uma estrutura que gera a organização política de forma corrupta e concede privilégios a poucos. O homem nos olhou com um sorriso meio sarcástico e demonstrou um tom de desilusão ao falar: "Não adianta, a população não quer saber disso. Eles querem viver suas vidinhas tranquilas, e culpabilizar o Criador pela miséria e desgraça alheia. E isso não somente as famílias de classe média, como também as menos favorecidas. O que não falta são igrejas nas periferias, você sabe disso."

Sim, o pior é que realmente sabemos o quanto poderosa é a forma de alienação que diversas religiões proporcionam aos homens. Para alguns, pode ser a fuga de si mesmo, a busca de algo além que suas vidas vazias e ingratas podem lhe oferecer. Para outros, é a perspectiva de que realmente existe algo muito maior do que podemos enxergar com os olhos,  mas de qualquer forma, não podemos negar o quanto ela distancia o homem de sua própria realidade, de sua própria construção e possibilidade de transformação de uma sociedade.

Desilusões a parte, sabemos que o primeiro passo foi dado. Não podemos negar a extrema importância e o significado da anulação dos votos por uma maior parcela da sociedade brasileira.

O desafio consiste em transformar esse significado pessoal em uma construção coletiva. Sabemos que, por mais que as opiniões sejam divergentes, tem um objetivo em comum a todos. A essência única está no próprio movimento da anulação dos votos, mas isso ainda é o início. Devemos e podemos ir além, conversando e debatendo, seja com a pessoa ao lado que espera o ônibus, seja com nossos colegas de trabalho, com nossos familiares, enfim, buscar nossas semelhanças nas desilusões que nos impulsam para "algo maior" que está logo ali, virando a esquina.

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